PROTESTO!... Contra você, por não ler essa review - Phoenix Wright: Ace Attorney

 
Ok, ok, eu já sei o que todos tem pra me dizer... Eu sei que esse blog tá mais abandonado que o fusca azul do seu tio-avô pegando poeira na garagem e criando uma civilização de baratas em baixo do capô. 

Mas... EU PROTESTO!

Em minha defesa, e como já afirmei diversas vezes em outros posts, minha vida tá uma loucura, sem pé nem cabeça, eu já não sei se escovo os dentes antes do café, se pago minhas dívidas ou se cobro os pagamentos do mendigo que apareceu aqui na minha casa esses dias e tá morando no meu quarto comigo... 

O nome dele é Charlie... 

Mas, enfim, eu sei que dou umas sumidas, fazer faculdade e trabalhar é a receita certa pra se tornar um morto-vivo nos dias atuais, perdemos o tempo até para as necessidades mais básicas, como dormir, comer, praticar algum hobby, jogar, namorar, VIVER!.... E comer macarrão. 

No entanto, eu nunca vou largar esse blog polêmico e dramático, eu tenho um público, e por mais que não seja lá um grande crítico ou escritor, aqui é um ambiente livre para termos uma conversa sincera acerca dos games, nada de "crítica imparcial" ou outros relativismos toscos serão vistos por aqui. 

E pra quem reparou no trocadilho digno de uma criança que descobriu a sacanagem anteontem ali em cima, hoje iremos falar de um dos jogos mais famosos e conhecidos da mercenária CAPCOM. O Advogados de Primeira: Fênix Veríssimo! Também conhecido como JACUTEM SABÃO!

Ok, não me olhe com essa cara, a galera que traduziu o jogo e me permitiu jogá-lo com mais facilidade o nomeou assim. E, aliás, aplausos pela tradução, porque, puta que pariu, ela ficou ótima, captou perfeitamente a essência dos diálogos de cada personagem sem deixar de ter seu "charme" próprio, é divertido e funcional, nunca ler diálogos foi tão bom. Vou deixar o link da página deles aqui, vão lá e mandem garrafas de Dolly de presente para eles, os desgraçados merecem!

... Ainda não foi? Vamos, anda, tão achando que aqui é o quê? Os estúdios de desenvolvimento da Square-Enix?

A questão é que, como estou fazendo faculdade de direito (Aconselho vocês fazerem caso estejam a fim de ter um AVC diário), me bateu vontade de jogar algo que me fizesse se sentir um verdadeiro jurista, defensor da lei e da justiça (O que, curiosamente, é algo bem utópico se olharmos o cenário do país atualmente), então resolvi experimentar aquele jogo de advogados em que lemos textos e mais textos e resolvemos mistérios e usamos do raciocínio lógico para progredirmos. 

No início me parecia ser extremamente chato e que não seria algo do qual eu usufruiria plenamente.

Ora...

Como eu estava ERRADO! Mereço uma terceira surra do Charlie depois dessa! Nunca julguem um livro pela capa, não aprendi nada com aquela capa aterrorizante da versão americana de Mega Man 1 para NES.

Ainda tenho pesadelos com aquela porra de rosto feio me encarando e sussurrando coisas no meu ouvido... Não conheci uma pessoa que conseguiu encará-lo por mais de um minuto.

AI MEU PAI! 

Whatever, a verdade é que Phoenix Wright: Ace Attorney é um jogaço, digno de toda sua atenção e faz muito bem aquilo que se propõe a fazer. Claro que não é um jogo de categoria "mainstream", ou seja, não é algo do tipo que o povão gostará, afinal eu duvido muito que tu consiga convencer aqueles seus amigos fãs de Fifa e Free Fire a experimentarem um jogo onde se usa raciocínio lógico e onde o jogador passará 90% do tempo lendo textos e mais textos.

Porém, se você for o tipo de pessoa aberta para novas experiências verá que o título é uma pérola. 

E... Bem vamos logo com isso porque já passei tempo demais falando nessa introdução.

Ah, como seria bom se os casos judiciais fossem tão épicos e mirabolantes quanto os desse jogo 


Acho que nem preciso dizer o quão crucial é para um jogo como esse ter um bom enredo, com bons diálogos e personagens tão carismáticos que nos façam quer ser igual a eles. Afinal, é um jogo onde o entendimento e compreensão plena da historia serão necessários para o correto progredir do mesmo.

...E, pelas barbas do Dr. Light! Esse jogo faz isso muito bem!

Aqui controlamos o advogado recém-formado Phoenix Wright, ou, como eu gosto de chamá-lo, FÊNIX VERÍSSIMO! O mesmo inicia sua jornada no escritório de sua mentora na advocacia, a Mia Fey, uma advogada de defesa (Com seios desproporcionalmente grandes) que é considerada um prodígio na sua carreira. Logo no início do jogo Fênix precisa defender um de seus amigos de infância, Larry Butz, que é um pé no saco em 90% das vezes que conversamos, além de ser mais burro que o Jair Bolsonaro, apesar de ser engraçado em momentos raros. 

Após esse processo judicial logo no início somos apresentados aos outros personagens que desempenharão funções importantes no desenrolar do enredo, como Maya Fey, irmã mais nova de Mia e a fiél escudeira do protagonista, o Inspetor Dick Gunshoe, que é um alívio cômico muito melhor e menos forçado que o Larry, e Miles Edgeworth, o inicial antagonista edgy da história que tem, provavelmente, o melhor desenvolvimento e construção de personalidade de todos os outros personagens, inclusive o próprio protagonista. 

Os personagens, tanto os principais quanto os secundários, são divertidos e carismáticos, é impossível não gostar deles, apesar de alguns serem uma verdadeira tortura para nossa paciência, como o já dito Larry Butz e algumas testemunhas específicas de alguns casos judiciais (Que, ao todo, são quatro casos). Inclusive, no terceiro caso judicial temos que lidar com uma velha chata pra caralho e um moleque insuportável, que me davam vontade de desistir de tudo e mandar o pobre Fênix largar a advocacia e abrir um negócio no ramo dos cogumelos com o Charlie. 

Aliás, falando no protagonista, Fênix, ele é excelente, não é aquele protagonista forçado e que busca tão desesperadamente cristalizar sua imagem que se torna monótono e vazio, como, por exemplo, o Bubsy ou Lightning de FFXIII. Fênix reage de forma condizente as situações ao longo do enredo, muitas vezes me identificava com ele, seus comentários são bem humorados, mas dentro da seriedade exigida pelo momento, suas motivações e história o tornam um personagem, de certa forma, profundo e admirável. O único problema na sua construção é que, posso estar enganado, os roteiristas não se preocuparam tanto com seu crescimento e desenvolvimento. No final do enredo, Fênix, não parece ter mudado ou evoluído, pelo menos não aparentemente. Sendo assim, eu espero de verdade que, na sequência do jogo, os escritores foquem mais na construção de personalidade, até porque é um personagem com um baita potencial.

No mais, apesar de algumas falhas, no quesito personagem principal esse jogo fez a lição de casa. 

Em compensação, os personagens Maya Fei e Miles Edgeworth são os personagens mais memoráveis e, de longe, os que tiveram maior construção de personalidade, não a toa costumam ser os favoritos da fanbase, ao lado da Mia Fey que, apesar de não marcar uma grande presença no enredo, é carismática o suficente para tal. 

Os diálogos conseguem prender a atenção do jogador, com aquela dose de humor sem ser exagerado ou desmedido, com várias reviravoltas e tramas que nos instigam a querer saber como se encerrarão. Muitas vezes eu jogava mais do que tinha me programado para jogar porque o enredo estava tão hipnotizante que eu precisava saber na onde aquilo iria dar, ainda mais durantes as audiências que são a melhor parte do jogo (E o juiz que é o melhor personagem figurante de todos por aqui). 

Tirando aqueles personagens que me faziam ter vontade de furar os olhos com uma furadeira makita de tão irritantes, temos aqui um enredo decente.

Respondendo mais perguntas que a prova do ENEM 


O mais importante é que todos saibam que se trata de um jogo poin-in-click. Pra quem não conhece o termo basta se lembrar daqueles jogos flash dos anos 90 onde tínhamos que clicar em objetos do cenário para progredir no jogo. Alguns faziam isso do jeito certo, outros eram tão entediantes quanto assistir o filme do Street Fighter. 

Basicamente, o jogo é dividido em capítulos onde investigamos quatro casos judiciais. O jogo fez relativo sucesso no Nintendo DS justamente por conta do uso que fazia da tela de toque do portátil, uma vez que envolvia investigar objetos em diversos cenários. Mas, a parte boa do jogo mesmo é durante as trials, que são as audiências judiciais. 

Nas trials escolhemos as decisões feitas por Fênix nas respostas aos outros personagens e nas inquirições feitas ao escutar os depoimentos das testemunhas. O que torna tudo isso divertido é a narrativa e sobre como precisamos gerar as ditas "reviravoltas", apresentando provas que desmentiam as alegações das testemunhas ou dos adversários. Eu me lembro de ter feito diversos exercícios mentais analisando as provas que conseguia no jogo e como elas deveriam ser usadas nas trials, além de prestar uma atenção desmedida em toda informação que recebia durante os diálogos. 

No fundo, o que realmente torna o jogo atrativo é a narrativa, os diálogos e a ansiedade de saber no que diabos vão dar aquelas investigações. O enredo é envolvente, apesar de ser previsível, afinal todos os clientes defendidos pelo protagonista são inocentes sendo acusados falsamente de homicídio (Nossa, que surpresa), e nosso trabalho é defendê-los e descobrir o real culpado. O que me deixava entretido era tentar entender, avaliando as provas e fatos, o que realmente aconteceu e como apontar a contradição nos argumentos da acusação. 

Sim, usar o raciocínio lógico nunca foi tão divertido, e era muito satisfatório encontrar contradições nos apontamentos das testemunhas e da acusação, eu continuava lendo e lendo os diálogos e buscando entender o que o jogo tava tentando me dizer. Como eu falei ali em cima, o jogo realmente faz bem aquilo que se propõe a fazer. 

Minhas principais críticas ao jogo se dá pelo prolongamento artificial que ele tem. Ao errarmos nas respostas e apresentações de provas somos penalizados, e é óbvio que há um limite para isso. Então, se erramos demais perdemos o caso e somos obrigados e fazer tudo de novo. O que não seria algo ruim se, ao menos, o jogo tivesse algum botão de pular cenas e diálogos, ou de acelera-los, o que dá um tédio do caralho e eu perdia a vontade de jogar quando perdia e tinha que reler e fazer tudo de novo. 

Na verdade, os diálogos que já tínhamos lido até que poderiam ser acelerados, mas ao perder e reiniciar as trials o jogo "esquecia" disso e não poderíamos acelerar as cenas a menos que fosse a segunda vez dentro daquela mesma trial. Enfim, é uma bosta perder neste jogo, mas não chegava a ser frustrante, apenas irritante mesmo, não chega a ser um tipo de defeito que nos queira parar de progredir. 

De resto, é um jogo excelente, é realmente satisfatório encontrar provas, escolher a opção certa, falar com a pessoa correta, apresentar a prova certa, progredir na narrativa, etc, e o que torna tudo isso satisfatório é que depende unicamente da habilidade do jogador de identificar tais elementos. 

Claro que há, em alguns momentos ao longo do jogo, que, propositalmente, somos salvos pelos roteiristas, e aceitar que não podíamos fazer nada a não ser assistir, o que meio que tira um pouco do charme do jogo, que é resolver todos os enigmas pela nossa própria capacidade dedutiva e indutiva. Mas não são muito frequentes e nem tira, consideravelmente, a graça do jogo. 

Linda e simples pixel art


Particularmente, não tenho nenhuma crítica negativa a fazer contra a arte e gráficos do jogo, no máximo o que posso dizer é que, em muitos aspectos, ela é simples e monótona, não fede nem cheira, sendo apenas... Ok. 

Mas, em muitos momentos ela é cativante, os personagens são expressivos e vivos apesar das limitações inerentes do pixel art, e os cenários são claros, os objetos espalhados neles são evidentes e em nenhum momento eu me lembro de ter reparado em algum defeito ou qualquer coisa que me desagradasse, de verdade, na estética do jogo.

Fênix é expressivo, assim como os outros personagens, como Miles, Maya e o Juiz, é divertido e por alguns momentos eu até me esquecia que eram meras imagens estáticas, com dois ou três frames por segundo, no máximo. 

Como eu falei ali em cima, o jogo tem potencial estético, poderia ser superior, com mais cores e detalhes em certos cenários e personagens. Porém, objetivamente falando não há nada que desagrade, pelo contrário, é um jogo bonito, não falha e consegue ser bem expressivo. De forma resumida, o jogo é, esteticamente, decente, apesar de ter potencialidade para mais, até porque há outros jogos estilo pixel art no DS em que vemos que o portátil possui capacidade para gráficos muito melhores, como Contra 4.

Uma das melhores Trilhas Sonoras do Nintendo DS


Eu já vou falar logo de cara: As músicas são excelentes, mesmo sendo uma remasterização da versão de Game Boy Advance, a instrumentalização ficou nítida e gostosa de ouvir. Não somente isso, mas as músicas são muito boas, tendo eu até mesmo baixado algumas no Spotfy, hehe. 

É claro que, ao escutarmos outras músicas de outros jogos do Nintendo DS, é perceptível que o jogo não faz uso das capacidades máximas do portátil, basta ouvirmos o tema do boss final de Mario & Luigi: Bowser's Inside Story que será bem clara a discrepância entre ela e demais músicas de Ace Attorney. 

Mas, não interpretem mal, as músicas deste jogo são EXCELENTES, muito bem compostas, bem instrumentalizadas e gostosas de ouvir, como eu já falei. Principalmente durante as trials, nos momentos de maior tensão durante o enredo, as músicas captam perfeitamente o momento, me deixando ainda mais intrigado. 

A música "Pursuit - Corner the Culprit" é, por exemplo, uma das melhores do jogo todo, e muito boa de se ouvir também, ainda mais durante o jogo, tocando sempre que ocorria uma reviravolta durante os diálogos nas trials. 

Meu único pesar é, por ser uma remasterização da trilha sonora do jogo original de Game Boy Advance, acaba que há uma certa limitação dos desenvolvedores no momento de inserir as músicas no jogo, deixando aquela sensação de que dava pra ser melhor. PORÉM, isso não muda de que as músicas são muito bem elaboradas e não falham em nada.

VEREDITO 


Uma única palavra: JOGAÇO!

Para aqueles que não estão acostumados com point-in-click esse jogo é um excelente pedido para ser introduzido no gênero. Tudo aqui funciona bem, a narrativa, os diálogos, os personagens, a ação, as decisões, as avaliações, mecânicas, estética, músicas, ambientes, etc, é impossível não se cativar pela simplicidade de Ace Attorney: Phoenix Wright. 

Inicialmente eu não imaginava que perderia tantas horas lendo e me sentindo intrigado pelas situações criadas pelo jogo, os mistérios e enigmas são verdadeiramente envolventes (Apesar de certas falhas no enredo) e existe aquele sentimento de vontade no progredir nos eventos. Claro que há falhas, é perceptível que esse jogo poderia "puxar" mais das capacidades do Nintendo DS, com mais trabalho na parte estética e musical, além de certos incômodos, como o tédio que é perder no jogo e ter que ler conversas e assistir momento tudo de novo sem poder pular as cenas ou acelera-las. 

Mas, nada disso pesa, de verdade, na hora de usufruir do título, o jogo é bom pra valer e até o Charlie está jogando agora. Aquele maldito vendedor de cogumelos não legalizados... 

Meu ponto final aqui é: Joguem Ace Attorney: Phoenix Wright, é um jogo competente, e se você estiver aberto para novas experiências não se decepcionará. Vá jogar e fale dele para seus amigos boomers e millenials, peça pra largarem um pouco os jogos populares e curtirem a grande emoção de ler textos e usar de nossas capacidades dedutivas e indutivas para resolver investigações, TENHO DITO! Porque isso nunca foi tão emocionante.

E se você se ama pelo menos um pouco vê se compartilha essa review pra família para que eu possa, ao menos, pagar meu agiota. 

História: 8.5
Músicas/Sons: 8
Jogabilidade/Gameplay: 8.5
Estética Visual: 8 

Prós: 
Enredo envolvente e diálogos bem escritos
Narrativa sólida e personagens carismáticos
Mecânicas funcionais e simples
Prepare o raciocínio lógico e a capacidade investigativa, vai precisar
Trilha sonora marcante e gostosa de se ouvir 

Contras: 
Alguns personagens são um pé no saco 
Jogo é prolongado de forma artificial quando perdemos uma trial

Nota Final: 8.5 

E não, eu não sei quando voltarei a escrever neste blog perdido no abismo da não-existência, tudo vai depender do andar da minha vida... E do meu agiota.

Beijos!!!

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